Fabricando índio

Apuração preliminar da PF detectou que o aumento anormal na expedição dos documentos se deu a partir de 2007, ano da emissão do registro de Paulo Ribeiro da Silva, o Paulo Apurinã, indiciado sob suspeita de falsificação de documento público. O Rani é um documento administrativo da Funai e serve para identificação do índio e para o pedido de benefícios como aposentadoria especial, cotas em universidades e inclusão em programas sociais.
Para o superintendente da PF no Amazonas, Sérgio Fontes, há indícios de problemas na expedição dos registros pela Funai. "É preciso rever o processo de emissão. Não temos dúvida de que, infelizmente, pela fragilidade existente na Funai, muitos registros foram [emitidos] na esteira da fraude."
O foco da apuração da PF serão os Ranis expedidos desde 2007. Os registros feitos no Estado desde 1979 foram para 32 grupos indígenas - a etnia apurinã foi a mais beneficiada, com 18% do total.
Um dos critérios para emissão do Rani é o autorreconhecimento - a comunidade indígena tem de reconhecer a pessoa como índio. Caso a Funai tenha dúvidas sobre a etnia, deve pedir laudo antropológico, o que não ocorreu no caso de Silva.
Entre os indícios de fraude no caso de Silva, que é porta-voz de uma entidade indígena e já participou de atos com a presidente Dilma Rousseff, estão a ausência de dados genealógicos e de estudos antropológicos, além de depoimentos de índios que negaram a origem dele e da mãe.
A mãe do líder indígena, em depoimento à PF, disse ter tirado os nomes indígenas dela e do filho de um dicionário de tupi-guarani. Ambos não falam a língua apurinã. Com o Rani, a mãe de Silva entrou como cotista na Universidade Estadual do Amazonas.
Procurada por diversas vezes em Brasília e em Manaus, a Funai não comentou a apuração da PF. Silva nega ter fraudado sua identidade de índio - afirma que seu bisavô era um apurinã
Fonte: Questão Indigena
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