Fonte: Alerta em Rede
Desde há algum tempo, os brasileiros sabem que o
bloqueio da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte virou um
ponto de honra para o aparato ambientalista-indigenista internacional,
que não tem medido esforços para obstaculizar os trabalhos. A investida
mais recente é uma turnê do cacique Raoni pela Europa, a convite de ONGs
ligadas a notórias fundações externas, na tentativa de, mais uma vez,
jogar a opinião pública do Velho Continente contra o projeto
hidrelétrico em construção no rio Xingu, no Pará.
A turnê europeia do cacique metuktire inclui atividades
na França, Holanda, Suíça, Mônaco e Alemanha, e tem como objetivo
declarado sensibilizar os europeus sobre a importância da Amazônia e dos
povos da floresta. A primeira parada foi em Paris, onde Raoni se reuniu
com ninguém menos que o presidente francês François Hollande, no
Palácio do Eliseu, sede do governo, em 29 de novembro. No encontro, o
líder indígena, acompanhado por Gert-Peter Bruch, presidente da ONG
Planète Amazone, e Nicolas Hulot, presidente da Fundação Nicolas Hulot
para a Natureza e o Homem, elogiou o “apoio de Hollande, dos franceses,
da Europa e do mundo” à causa ambiental. E, claro, também cobrou apoio
do governo francês à campanha contra Belo Monte e pediu a retirada do
grupo gaulês Alstom do projeto hidrelétrico (AFP, 29/11/2012).
Segundo a nota oficial emitida pelo Eliseu sobre o
encontro, Hollande fez elogios à “trajetória pessoal e ao corajoso
compromisso em favor da preservação do meio ambiente” de Raoni, e
ressaltou a “importância da participação dos povos autóctones nos
debates e negociações que dizem respeito ao seu futuro (Elysee.fr,
29/11/2012)”.
O mandatário francês ainda lembrou a “ação realizada
pela França, a fim de favorecer o desenvolvimento sustentável da zona
amazônica da Guiana Francesa”, bem como a sua própria participação na
conferência Rio+20, realizada em junho último, de modo a destacar o seu
comprometimento com a causa indigenista e ambiental. Segundo Hulot,
Hollande ainda se comprometeu a defender “a causa de Raoni, dos povos
indígenas e da floresta amazônica”, junto à presidente Dilma Rousseff,
em sua visita de Estado à França, prevista para 11 de dezembro próximo.
Em comentário sobre a turnê, Hulot disse que, “neste
momento em que tendemos a nos aferrar aos próprios interesses locais,
nacionais ou regionais, Raoni nos lembra que o que está em jogo são
interesses universais, que as mudanças climáticas, o desmatamento, a
perda da biodiversidade vão afetar toda a Humanidade”. Em seguida, o
ativista ambiental chega às raias do absurdo, propondo a indicação de
Raoni para o Prêmio Nobel da Paz e comparando-o ao ex-presidente
sul-africano Nelson Mandela. “Raoni teria todos os motivos para ser
rancoroso, já que seu território e sua cultura continuam sendo
profanados, mas ele é somente amor e respeito”, completou (Notícias
Terra, 30/11/2012).
Com o apoio de Bruch e Hulot, Raoni lançou na Europa a
campanha “Emergência Amazônia”, que tem Belo Monte como um de seus
principais alvos.
O alto perfil da turnê europeia de Raoni, manifestado
por seu encontro com o presidente de um país bastante ameaçado pelo
aprofundamento da crise econômico-financeira europeia, denota a
determinação do aparato ambientalista-indigenista contra Belo Monte e,
ao mesmo tempo, demonstra uma vez mais a extensão desses movimentos
internacionais, para os quais o cacique de 82 anos tem sido um ícone
importante, desde a década de 1980, quando corria o mundo a reboque do
cantor inglês Sting.
Em 2001, esse aparato internacional proporcionou a
fundação do Instituto Raoni, sediado em Colíder (MT), cuja lista de
“parceiros” é bastante significativa. Entre eles, destacam-se algumas
instituições veteranas das campanhas ambientalistas e indigenistas
contra o Brasil, desfechadas a partir da década de 1980:
- Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID);
- Rainforest Foundation (EUA);
- Conservação Internacional (EUA);
- Environmental Defense Fund (EUA);
- Amazon Watch (EUA);
- Fundo de Conservação Internacional do Canadá (ICFC);
- Embaixada da Noruega.
A Planète Amazone de Gert-Peter Bruch tem o seu site
oficial em francês hospedado no endereço www.raoni.com, um obscuro
portal que, todavia, tem poucas informações disponíveis.
Já a fundação de Hulot exibe em seu site conexões com instituições de alto nível do Establishment
europeu e estadunidense, como a Fundação L’Oreal, o grupo de mídia
francês TF1, a rede de hotéis IBIS e a fabricante de painéis solares
First Solar.
O ICFC, embora não explicite o montante de recursos
doados ao Instituto Raoni, declarou, no seu relatório anual de 2011, uma
doação de 514.244 dólares canadenses destinados à desconhecida
Associação Floresta Protegida, que também atua com a etnia caiapó de
Raonie compartilha a mesma área de atuação, o norte do Mato Grosso e o
sul do Pará.
Diante de tais fatos, seria bastante oportuno que o
Itamaraty fizesse chegar à sua contraparte francesa, o Quai d’Orsay, com
quem a diplomacia brasileira tem um histórico de ótimo relacionamento,
que seria, no mínimo, deselegante, se não um constrangimento, que,
quando receber sua colega brasileira, o presidente Hollande se fizesse
porta-voz de tais pressões espúrias contra um projeto de desenvolvimento
considerado vital pelo governo brasileiro. Porém, se isto ocorrer,
Dilma faria bem em deixar manifesta a sua contrariedade com semelhante
intromissão em assuntos internos do Brasil, o que, também, sinalizaria
ao aparato ambientalista-indigenista que paciência tem limites.
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