Não
é preciso muito mais do que assistir às deploráveis cenas da retirada
dos residentes da área da Gleba Suiá-Missu, nos municípios
matogrossenses de Alto Boa Vista e São Félix, para permitir a sua
reocupação por índios xavantes, para se concluir que o Brasil ainda se
encontra sob o firme garrote de uma virtual ditadura, imposta por um
aparato internacional que manipula as causas indígenas em favor de uma
insidiosa agenda intervencionista.
Assim
como já havia ocorrido no emblemático caso da reserva Raposa Serra do
Sol, em Roraima, o radicalismo ideológico e político da militância
indigenista e seus aliados encastelados no governo federal –
principalmente, na Fundação Nacional do Índio (Funai) – bloqueou todas
as tentativas racionais para se solucionar os problemas do assentamento
dos indígenas, sem a necessidade de expulsão dos proprietários da área, a
maioria deles ali residente há décadas. O resultado foi, uma vez mais, a
mobilização de forças policiais federais para a retirada à força dos
residentes da área, processo que, previsivelmente, se tornou violento.
Uma
das propostas apresentadas foi a do governo de Mato Grosso, de ceder
aos cerca de 900 xavantes uma área de 250 mil hectares, no Parque
Estadual do Araguaia, com a promessa de levar asfalto e telefone para a
nova área. Desafortunadamente, instigados por representantes do aparato
indigenista, os indígenas recusaram a permuta e insistiram na retomada
das terras de Suiá-Missu.
Em
entrevista ao blog Circuito Mato Grosso (12/12/2012), o deputado
federal Júlio Campos (DEM-MT), que já governou o estado, comenta o
episódio: “A maioria dos índios aceitou, mas o governo federal, através
dessa malfadada Funai, que quer tomar conta do Brasil, em especial de
Mato Grosso, realmente está fazendo hoje uma barbárie com bombas de gás
lacrimogêneo, com todos os tipos de bala, causando grande tumulto no
Vale do Araguaia, em Mato Grosso. Meu protesto neste momento.”
Em um oportuno editorial publicado em 12 de novembro último, o jornal Diário de Cuiabá sintetizou
o imbróglio: “O que salta aos olhos na questão é que, se por um lado as
agências governamentais se mostram bastante preocupadas e zelosas com
os índios, o mesmo tratamento não é estendido à população não indígena.”
A
origem do caso remonta a 1966, quando foi criada a fazenda Suiá-Missu e
cerca de 230 xavantes foram retirados da área pelo governo federal,
sendo transferidos para outra reserva, no sul do estado. Em 1976, a
fazenda passou a ser propriedade da Liquigás, subsidiária brasileira das
empresas petrolíferas italianas Agip e ENI. Em 1992, por ocasião da
conferência Rio-92, e no âmbito das fortes campanhas que o movimento
ambientalista-indigenista internacional movia contra o Brasil, os
controladores da Liquigás concordaram em devolver as terras aos
indígenas. No mesmo ano, a Funai iniciou outro dos seus célebres
“estudos antropológicos”, para delimitar a que passou a ser chamada área
indígena Marãiwatsede, que seria consolidada por um decreto
presidencial, em 1998.
Ocorre
que, nesse ínterim, milhares de pessoas passaram a ocupar lotes na
área, a grande maioria, com títulos de propriedade registrados junto às
autoridades locais. O município de Alto Boa Vista, criado em 1991, ocupa
cerca de 70% da área em litígio (o censo de 2010 registrou 2.249
habitantes no município). Por isso, o presidente da Associação dos
Produtores da Suiá-Missu, Renato Teodoro, afirma: “Se há um culpado
nisso é o governo federal, que agiu de má-fé ao estimular a ocupação de
uma área indígena (RDM Online, 24/02/2012).”
Já
o prefeito de Alto Boa Vista, Vanderley Pery, lamenta: “Perder 70% do
território para se transformar em reserva indígena e deixar mais de
cinco mil pessoas sem patrimônio e sem uma parte de suas vidas seria o
fim do município.”
Para
complicar o quadro, a presidente da Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, denunciou que a Funai
havia deslocado a delimitação da área indígena original, para não
prejudicar um assentamento do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra): “Nós temos informações muito seguras. No caso
Suiá-Missú, a área indígena foi deslocada para esse local de conflito
porque não interessava nem ao Incra e nem à Funai mostrar a verdadeira
terra dos índios, já que em cima desta área foi instalado um
assentamento. Então, preferiram deslocar para outra área para não haver
conflito entre Funai e Incra. Pode até ser que a intenção tenha sido
boa, mas não pode haver nada positivo em um ato que desrespeite a
Constituição e o direito de propriedade (Canal Rural, 12/12/2012).”
Conhecendo-se
os antecedentes da atuação da Funai e o extremismo da militância
indigenista, relatado em várias ocasiões por este Alerta, se confirmado, tal fato não seria surpreendente.
Como
o prazo para a desocupação voluntária da área terminou em 6 de
dezembro, efetivos da Força Nacional de Segurança, Polícia Federal e
Polícia Rodoviária Federal foram mobilizados para retirar os moradores,
cuja reação provocou numerosos embates, dos quais várias pessoas,
inclusive, agentes policiais, saíram feridos por balas de borracha,
golpes e pedradas. As cenas lamentáveis foram transmitidas pela
televisão para todo o País.
O
caso Suiá-Missu é emblemático de um problema com o qual os brasileiros
precisam enfrentar a sério e com a maior urgência: estabelecer uma
política indígena que seja baseada nos valores maiores do ser humano,
que não negue aos indígenas a possibilidade de desenvolvimento e
inserção gradativa na sociedade brasileira, como era a intenção de
pioneiros de grande visão, como o marechal Cândido Rondon.
Para
tanto, será imprescindível deixar para trás a nefasta influência, hoje
hegemônica, de: 1) antropólogos românticos, que querem “preservar” os
indígenas em seu idílico – e irreal – estado primitivo; e 2) do aparato
indigenista internacional, integrado por ONGs, fundações e órgãos
governamentais estrangeiros e seus apêndices domésticos, capitaneado
pelas redes do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), cujo interesse pouco
disfarçado é retalhar o País com áreas indígenas de enormes dimensões,
que colocam grandes obstáculos a projetos de infraestrutura e
desenvolvimento e geram dissensões e conflitos sociais.
Se
isto não for feito, o País continuará submetido aos ditames desse
insidioso aparato de influência antinacional, que se oculta por trás de
uma cortina de boas intenções e de um pseudo-humanismo “politicamente
correto”, mas mal consegue disfarçar um profundo desprezo pelos valores
maiores do ser humano, além de uma clara intenção de obstaculizar o
pleno desenvolvimento brasileiro.
FONTE : ALERTA CIENTÍFICO e AMBIENTAL – Ano 19 | nº 47| 13 de dezembro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário